ALFORRIA
Um verso, um passo de dança
Um pingo de água filtrada
Brisa na ponta de lança
Sem prazo presa enjeitada.
Estrofe valsa arremetida
Da palavra em mente ousada
Impulso, força incontida
Lavra em pedras da calçada.
Pela estrada percorrida
Em canto de vergastada
Vem uma ideia parida
Pelas esquinas do nada.
Poema é da madrugada
Estreitando versos a fio
Na noite é ponta de espada
No amanhecer um rio.
Poesia? Alforria, dor e riso.
Às vezes verbo incapaz
Outras vezes chão que piso
No que de mim se desfaz.
Poesia? Raiva e grito
Adubo em causas semente.
Força de vida e castigo
Tão certeira e certamente.