Prece à minha mãe...

Quantas vezes somem as estrelas...

Esvai-se a luz... E mesmo ainda assim

Renascem forças vindas não sei d’onde

Pois onde há princípio, sempre haverá fim...

Procuro luzes... Onde posso vê-las?...

Não hei de procurá-las: elas vêm a mim!

São lembranças vindas de outras eras,

É o colo de mãe a embalar-me assim...

Minhas ilusões todas são quimeras

Mas eu as revivo, inscritas no marfim

Das teclas do piano de concerto

Onde, mãe, tocavas para mim...

Ou eu, no teu colo...E o Acalanto

Era suave e doce... E quente o teu embalo

Quando tu contavas todas as histórias

Quando tu cantavas sempre para mim...

Se eu me machucava, teu beijo suave

Eu recebia... E tu assopravas

O meu machucado, dizendo, muito branda,

“Passará assim!...”

Mãe!...

Hoje não é meu joelho que está esfolado:

É a alma que sofre por ver sofrer assim

O fruto das entranhas que, com amor imenso,

Da Vida, o próprio Amor, plantou em mim!...

Mãe!

Onde estiveres, canta, que teu canto

Chegará muito doce até a mim!

Reza como antes, assopra o machucado...

Faz minh’alma leve, nesta dor sem fim!

Eu sei que estás com os Anjos: e tu és um deles!

Reza por mim!

Dá-me em fortaleza, seguir o teu exemplo,

Ser firme na fé, ser doce e ser suave,

Carregar a cruz com dignidade!

Até o fim!...

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 03/05/2008
Reeditado em 03/05/2008
Código do texto: T973336
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