Prece à minha mãe...
Quantas vezes somem as estrelas...
Esvai-se a luz... E mesmo ainda assim
Renascem forças vindas não sei d’onde
Pois onde há princípio, sempre haverá fim...
Procuro luzes... Onde posso vê-las?...
Não hei de procurá-las: elas vêm a mim!
São lembranças vindas de outras eras,
É o colo de mãe a embalar-me assim...
Minhas ilusões todas são quimeras
Mas eu as revivo, inscritas no marfim
Das teclas do piano de concerto
Onde, mãe, tocavas para mim...
Ou eu, no teu colo...E o Acalanto
Era suave e doce... E quente o teu embalo
Quando tu contavas todas as histórias
Quando tu cantavas sempre para mim...
Se eu me machucava, teu beijo suave
Eu recebia... E tu assopravas
O meu machucado, dizendo, muito branda,
“Passará assim!...”
Mãe!...
Hoje não é meu joelho que está esfolado:
É a alma que sofre por ver sofrer assim
O fruto das entranhas que, com amor imenso,
Da Vida, o próprio Amor, plantou em mim!...
Mãe!
Onde estiveres, canta, que teu canto
Chegará muito doce até a mim!
Reza como antes, assopra o machucado...
Faz minh’alma leve, nesta dor sem fim!
Eu sei que estás com os Anjos: e tu és um deles!
Reza por mim!
Dá-me em fortaleza, seguir o teu exemplo,
Ser firme na fé, ser doce e ser suave,
Carregar a cruz com dignidade!
Até o fim!...