CADA COISA NO SEU LUGAR.

Chamaram um cego

Pra ser juiz

De concurso de beleza.

Um surdo

Como crítico musical.

Um mudo

Para discursar em voz alta.

Um perdulário

Para administrar as finanças.

Um estelionatário

Para expedir os bilhetes

E cuidar da bilheteria.

Chamaram um cara centrado

Burocraticamente sensato

Para declamar poemas.

Um outro não menos sensato

Para escrever os versos.

Se cada pessoa estivesse

No seu devido lugar

Segundo as suas habilidades

Talvez houvesse um jeito

De as coisas melhorar.

O cego ouvindo música.

O mudo julgando a beleza.

O surdo escrevendo os poemas.

O perdulário lendo poesia.

O estelionatário cuidando

Da "bilheteria" no presídio.

Um presidente eleito pelo mérito

E não por discurso em comício.

O poema ficaria a cargo do poeta.

Declamaria os seus versos

Um ator de talento.

Não haveria lamento

Com as coisas nos seus devidos lugares.

jose antonio CALLEGARI
Enviado por jose antonio CALLEGARI em 11/01/2006
Código do texto: T97232