DOS DIFERENTES CÉUS DO MEU MAR

O céu nunca esteve tão cinza nem tão pesado.

O ar que o sustenta sopra um frio diferente em outra tarde.

Em tudo o que vejo, é a memória o que mais arde,

quando num instante, traz tantos pensamentos à mesma cabeça.

Leve é sonhar, sem que qualquer razão obedeça.

Nas chuvas de um outono acontecido desabam outros pesares.

Em gotas, a solidão rola pelas ladeiras encharcadas

e um frio intenso que povoa minhas noites nada estreladas,

agita ondas imensas desse mar que não mais conheço.

Tranco em mim os silêncios do que não esqueço.

Meu olhar nesse momento é de profundo desconsolo.

Tal qual o pedinte, caminho a alma por entre as ruas,

na tristeza de quem não tem mais aquelas luas,

esquecido sob um céu indiferente e sem endereço...

COSTARELLI
Enviado por COSTARELLI em 02/05/2008
Reeditado em 19/06/2013
Código do texto: T971997
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