DOS DIFERENTES CÉUS DO MEU MAR
O céu nunca esteve tão cinza nem tão pesado.
O ar que o sustenta sopra um frio diferente em outra tarde.
Em tudo o que vejo, é a memória o que mais arde,
quando num instante, traz tantos pensamentos à mesma cabeça.
Leve é sonhar, sem que qualquer razão obedeça.
Nas chuvas de um outono acontecido desabam outros pesares.
Em gotas, a solidão rola pelas ladeiras encharcadas
e um frio intenso que povoa minhas noites nada estreladas,
agita ondas imensas desse mar que não mais conheço.
Tranco em mim os silêncios do que não esqueço.
Meu olhar nesse momento é de profundo desconsolo.
Tal qual o pedinte, caminho a alma por entre as ruas,
na tristeza de quem não tem mais aquelas luas,
esquecido sob um céu indiferente e sem endereço...