Acese
I
Tua pele de Midas
É chama e essência
Minha carne tão ruiva
É o fogo e a ausência
E o meu ser se transmuta
Quando não moras em mim.
Na tua ausência
Eu dissolvo
E o reino humano me toma
II
Mas, quando chegas...
_Eros no templo de Atenas_
Há um encontro perfeito,
Idealismo e razão.
Sou a Filosofia em tua Arte
E és a minha emoção.
Porque entendes meu ser quando sou no teu corpo
E toco tua razão
(Sou de tudo tão pouco...)
III
Sei que só sei
Contemplar o que é raro e distinto
E entendo o que sei
Mas, já não sei o que sinto.
E quando o caos me entorpece
Mesmo que eu saia da acese
Todo êxtase é pouco
Porque tu tens a metafísica da parte
Que me falta no todo.
A Mário Jorge Jardim
Lívia Noronha.
Belém, 22 de março de 2007.