POETAS DESAPARECIDOS

Nem poetas escrevem aos feriados prolongados. Não costumam ficar em casa.

Transladam sua receita-solidão de todo dia. Gozam de descanso, de calor humano

Não procure pelos poetas em feriados. Eles não estarão à disposição.

Talvez possam estar de ressaca, com dor nas costas, talvez possam estar ressentidos.

Melhor não incomodá-los. Quem sabe estão por aí pensando em lua

Em intimidade... Quem sabe fazem grandes juras de amor na cama

Quiçá adormecem putrefados, sem amanhã.

Os poetas e os servidores públicos... muitas vezes se confundem nesse Brasil que

Trabalha e que domingo está de porre, vendo o jogo na tevê de um botequim da cidade.

E na segunda (feriado), despeja-se na esteira da varanda

Sem piedade de si, do chefe, dos ministros de Estado e dos poetas desaparecidos.

Elmer Giuliano

Elmer Giuliano
Enviado por Elmer Giuliano em 02/05/2008
Reeditado em 02/05/2008
Código do texto: T971307
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