POETAS DESAPARECIDOS
Nem poetas escrevem aos feriados prolongados. Não costumam ficar em casa.
Transladam sua receita-solidão de todo dia. Gozam de descanso, de calor humano
Não procure pelos poetas em feriados. Eles não estarão à disposição.
Talvez possam estar de ressaca, com dor nas costas, talvez possam estar ressentidos.
Melhor não incomodá-los. Quem sabe estão por aí pensando em lua
Em intimidade... Quem sabe fazem grandes juras de amor na cama
Quiçá adormecem putrefados, sem amanhã.
Os poetas e os servidores públicos... muitas vezes se confundem nesse Brasil que
Trabalha e que domingo está de porre, vendo o jogo na tevê de um botequim da cidade.
E na segunda (feriado), despeja-se na esteira da varanda
Sem piedade de si, do chefe, dos ministros de Estado e dos poetas desaparecidos.
Elmer Giuliano