ÉBRIO

Roda como um pião

Rodopia em vertigem

Verte a vértebra. Dobra-se.

Oscila constante e cessante

Tonteia como bambolê.

Bambeia. Tropeça e cai ao chão.

Vive de um sonho oriundo

Ao desgosto da vida,

Ao abandono da sua alma gêmea

Desculpa-se por motivos fúteis

De um vicio doentio.

Perdeu o emprego

E agora o desespero se prende.

‘Branquinha’ lá vai p'rá se esquecer.

Água ardente que nem passarinho toma

Cachaça cheirosa

Álcool que pinga e lá vai a pinga

Uma pro santo e dois p'rá goela abaixo.

E assim vai levando a vida

Rodando como pião

Vai de bar em bar

Cambaleando e babando cai

Lambido pelos seus fieis amigos cães

No chão prostrasse como farrapo humano

Bêbado, inútil. Cirrose ambulante

Por ali mesmo fica

Um ébrio jogado às trastes...