Abstrato - suíte Nº1

Olhando para uma das telas de Miró,

no abstrato da situação,

quero entender os traços,

as cores,

a leveza da mensagem

nas pinceladas meticulosas...

Surge uma criança.

Um moleque de boné.

Por um momento o vejo perdido

na indecisão entre:

levar o pão nosso de cada dia,

e o seu coraçãozinho

puramente brasileiro...

De sua carinha,

brota um sorriso brejeiro

de quem está a maquinar travessuras.

O nosso país tem feito

com que as crianças cresçam

precocemente,

perdendo a vivacidade,

a ingenuidade

de sua própria infância...

A tevê tomou conta do espaço

para as antigas brincadeiras.

Acenou tristemente para

o chicotinho queimado,

cabra-cega e o pique-esconde.

O computador apossou,

indiscriminadamente,

do tempo em que elas se

dedicavam aos livros:

As clássicas histórias infantis_

Chapeuzinho vermelho,

Cinderela,

A Bela adormecida.

De quem é a culpa?

Fabricantes de vídeos-games?

Informatização?

Desmaterialização?

Miró,

por um momento,

conseguiu resgatar a criança

adormecida que ainda

vive dentro de mim...

bette vittorino
Enviado por bette vittorino em 30/04/2008
Reeditado em 13/04/2014
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