Marionetes
Da fresta da minha janela vejo o mundo girando,
conturbado e perdido.
Meu pensamento pousa no infinito
onde espio insensatamente o abandono,
a poluição, a pichação e a destruição
que fica lá no fundo
nos muros desse velho mundo.
As pessoas transitam pelas ruas, alheias a tudo,
deixando serem movidas apenas pelas ilusões.
Pobre gente! Desfilam alegorias
forçadas na ginga da anca morena,
ao som de passos cadenciados pela decepção!
E, mesmo assim, seguem vaidosos,
marcando uma geração vazia.
Espio com olhos cansados
à meia-luz da madrugada, ouvindo galos.
Depois de tudo calmo, dormem os homens...
E o pensamento farto de sonhos
salta para o vácuo e voa com o vento.