Pelos olhos meus
Nesse dia não choveu.
Não fez calor.
Apesar da estação se denominar verão.
E de todos os sorrisos serem praianos e ensolarados.
Não havia um vento sequer.
As folhas de todas as plantas estavam imóveis.
Atentas.
Nesse dia o Sol não sumiu no horário de costume.
E no horário de costume a Lua surgiu.
E bendisse o dia tão atípico.
E reverenciou toda estrela que reluzia sem por que.
A meia noite o mar adormeceu.
E sonhou todos os sonhos que ninguém ousou sonhar.
Embalado em suas águas pelo Sol e pela Lua,
num solstício inigualável pela ousadia,
o mar amou além das profundezas.
E arrebentou suas ondas suavemente
até despertar, prateado e reluzente,
nas lágrimas que escorriam dos olhos meus.