Meu inimigo companheiro
Quarto às escuras,
janelas fechadas.
O vento lá fora, lufadas.
Janelas fechadas, o peito trancado.
O tempo, fechado, de cara amarrada
solidão sufocada no canto do mundo.
Suspiro profundo,
aspiro a fumaça do cigarro que fumo,
eu tento, não durmo.
Recorro ao veneno ()
meu crime pequeno, o cigarro
meu maior inimigo,
meu melhor companheiro.
E a janela fechada,
que não quero abrir
me separa da vida, do dia,
me separa de mim.
Perdido, fumando no escuro
vejo crescer esse muro
que me esconde aqui,
obstáculo criado
por alguém acuado
pelo erro passado, pensamento culpado.
Me julguei, condenei,
desisti, me escondi, quando vi
me perdi
e jamais me achei.