Poema 0220 - Boa-noite

Boa-noite! Não está aqui, boa-noite mesmo assim,

minhas fronteiras foram defasadas pela paixão;

explicar este carinho... não sei... não tenho como,

não censure meu jeito, ainda que pareça louco,

de tudo que sonhei nada é igual ao seu beijo...

preciso deste sabor que escorre dentro da boca.

Deitado na cama, olhando o teto, desenhei seu rosto,

fiz alguns desvios nos meus pensamentos,

queria sentir agora, outra vez o calor do seu corpo,

tocá-la por dentro da pele, chegando até ao coração,

seguir a passos longos sobre nossa nudez libertina,

até que o infinito nos pareça perto demais.

Construí cercas ao redor do meu passado,

minha paixão tem caminhos proibidos,

os sonhos são grandes ou sou pequeno demais,

não sei até onde minha alma foi manchada,

tenho vida depois de você, tenho caminhos certos,

sem rumo, espero sua mão, seus desejos para irmos...

Coloquei uma música, abri as gavetas à procura da sua foto,

descobri que não somos quem escolhe o amor;

às vezes, somos marcados na carne e nada acontece,

quando os olhos não vêem, alguma coisa muda,

os pensamentos não saem do outro coração,

me senti perdido, inexplicável... perdido de amor.

Não sei se fiquei triste sem você aqui ou alegre por lhe ter,

vaguei entre corpos grudentos e suados dos falsos amores,

de almas impuras, nos olhos notei que não me enxergavam,

escrevi recados tingidos de carinhos, de nada valeram,

fui vulcão, gelo, fui mar e céu, outras queriam lua e estrelas,

enquanto viajo, lembro amor, seu amor que me alivia.

Boa-noite, amor! Sei que está aqui, mesmo distante,

troquei os pedidos pelas suas palavras de carinho,

estranho sentir alguém tão próximo, tão dentro do peito,

cada gesto é de ternura, cada toque é de desejo,

um dia talvez alguém explique, não preciso, não quero,

amar é ter caminhos abertos, portas e sonhos para seguir.

11/04/2005

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 04/04/2005
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