AMOR E DOR


Por que o amor se permite
Tanto assim nos maltratar?
Fazer artes, aprontar,
Esgueirar-se atrás da porta
Qual criança em reinação?

Amor virou bolha de sabão,
Flutuou, atravessou a rua
E se desfez em água,
Longe da palma da mão.


Fevereiro, carnaval em Olinda,
A paixão nasceu.
Quem esse ato deslinda?
Durou duas estações.
Na primavera murchou.

Desvesti a fantasia
E descalcei a folia.
Amor pequenininho,
Amor mesquinho,
Bandido e enganador.

O acaso me fez revê-lo
Num novo entrudo,
A sol pleno
Mas em desfavor...
Acenei-lhe. Não me viu.

O amor, mascarado de marujo,
Perdeu-se nalgum bloco de sujos.




poema da década de 70.

 
KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 10/01/2006
Reeditado em 26/10/2013
Código do texto: T96651
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