Fogo e Cachoeira...

Euna Britto de Oliveira

www.euna.com.br

Gasta-se com animal selvagem

O tenro pasto que deveria ser consumido pela ponta do rebanho...

Necessário é o banho na cachoeira mineira

Que despenca das alturas

Pra lavar até lustrar as pedras que pedem carícias de água,

Mas apreciam seu baque!

Impactadas, dão seu dorso aos passos dos visitantes

Que quase escorregam

No limo vadio onde medram líquens...

De vez em quando, à beira d´água,

A serpente forasteira desloca-se com diabólica elegância,

Numa dança silenciosa, sem música,

Sem intenção de encantar,

Podendo muito matar!

Veneno é o que não lhe falta!

Descarto a tentação de pisar a borda do vulcão.

Penso em Silva Jardim, tragado, em 1891, por uma fenda à borda do Vesúvio...

Dentro de mim também há um fogo, e queima!

Tento apagar esse fogo com algum ingrediente sagrado.

Meus passos querem mais o paraíso,

De onde nossos primeiros pais foram expulsos.

Um anjo com espada flamejante guarda a sua entrada.

Fora do paraíso, eu peno,

Todo mundo pena!...

Que pena!

Nem voar, podemos... – não temos penas...

Querer viver o melhor onde existe tanto o pior!...

A solidão insana ensaia a sua próxima cena:

Ocupará o vazio dos corações vazios

E vestirá de sombra e medo,

Insegurança e tédio

As horas que poderiam ser as melhores de uma vida!

Soltas ao vento, as vontades, as verdades,

As felicidades quase possíveis,

A vitória sobre as dificuldades para se atingir o objetivo de cada vida!

E o plano de Deus esperando...

Até que a serenidade crie condições

Para o aparecimento do discernimento

Que clareia o que se deve fazer ou não fazer,

O que se deve escolher!

A condição humana mora do lado de fora do paraíso.

No muro das lamentações, uns escrevem versos,

Outros proferem orações...

Reportam-se as dores do mundo.

Nessa turbulência, a carência de um carinho de Deus,

De um colo, de um bálsamo para os calos dos pés e do coração...

Uma palavra, dependendo do tom, do conteúdo,

Dependendo de quem venha,

Funciona como senha para uma amostra de paraíso,

Para o sorriso se abrir

E o coração descontrair!...

Uma gentileza de Deus.

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 28/04/2008
Código do texto: T966441