ÁGUAS / AMAZONAS

Céus, águas, homens,

barcos, madeiras, mercadorias,

cheiro forte de anos de labuta

de sujeira deixada pelo homem

a intoxicar a natureza tão bela.

Pedaço do Amazonas, Rio/mar

já escura a sua água, antes cristalina

mas veio o homem hostil e impiedoso

a vomitar os seus resíduos em sua margem

e ei-lo opaco, sem vida e de cheiro impregnado.

Os barcos, ainda, deslizam na ida e na volta

porém a margem, cada vez mais, se alarga

diminuindo, assim, a sua capacidade.

A noite vai chegando, como sempre.

A sua beleza? Ainda resta, fundamentada!

juntando-se ao silêncio que o oprime.

Eu mesma depositei na sua margem

dejetos que me inflamavam o estômago

e sem que pudesse dar-lhe um adeus

deixei-me guiar por outras forças

vitimada por forte imprevisto.

Belém, 09 de setembro de 1982.

(Do livro "Caminhos", Teresina, 1986, página 65.)

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Francisca Miriam
Enviado por Francisca Miriam em 28/04/2008
Reeditado em 05/08/2011
Código do texto: T965248
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