ÁGUAS / AMAZONAS
Céus, águas, homens,
barcos, madeiras, mercadorias,
cheiro forte de anos de labuta
de sujeira deixada pelo homem
a intoxicar a natureza tão bela.
Pedaço do Amazonas, Rio/mar
já escura a sua água, antes cristalina
mas veio o homem hostil e impiedoso
a vomitar os seus resíduos em sua margem
e ei-lo opaco, sem vida e de cheiro impregnado.
Os barcos, ainda, deslizam na ida e na volta
porém a margem, cada vez mais, se alarga
diminuindo, assim, a sua capacidade.
A noite vai chegando, como sempre.
A sua beleza? Ainda resta, fundamentada!
juntando-se ao silêncio que o oprime.
Eu mesma depositei na sua margem
dejetos que me inflamavam o estômago
e sem que pudesse dar-lhe um adeus
deixei-me guiar por outras forças
vitimada por forte imprevisto.
Belém, 09 de setembro de 1982.
(Do livro "Caminhos", Teresina, 1986, página 65.)
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