Cura

Não vou despir-me mais uma vez

Revelando meus segredos sem olhar a quem

Deixarei que esta chuva me vista de outono

E que estas folhas caiam...

E que os cacos se juntem...

Formando um novo alguém

Não vou derreter-me no fogo mais brando

Ainda há muito que ver

Meu corpo coberto de gelo não suporta a neve

Que sai de teus póros

E me sufoca...

E é desta morte que eu já não sei sobreviver

Não vou sofrer as mesmas indecisões

Não vou cantar os mesmos refrões

Vou apenas ser...

Não vou alimentar-me de vãs esperanças

Nem deixar que a noite me consuma aos poucos

Já sou eu que me despeço das estrelas

Sem nenhuma dor nem lágrima

Os que gostam de solidão são apenas os loucos

E quem gosta de tristeza é a saudade...

E não vou sonhar acordada

Vou apenas ser, existir, viver

Fantasiar-me de sorrisos eternos

E jurar que sou feliz

Deixar apenas a alma se satisfazer...