MINHA CAMA COM ELE E SEM ELE
Minha cama e ele
extravasam em mim
fortes toxinas mortais
dão-me a complementação exata
o normal para todo ser normal:
quietude, serenidade e querer mais
e dar mais, sempre mais.
O infinito ser mais infinito
o azul muito mais azul
o verde mais verde, ainda,
e tudo ser muito mais!...
E o sono? Grande prêmio amistoso!...
Minha cama vazia:
quão inferno de pensamentos mil
e misturam-se e vão de mundo afora
e voltam numa pressa descomunal
e excluindo os desgastes evidentes
sinto o grande Cristo a sustentar-me
senão faltar-me-ia o poder da continuação.
Teresina, 23 de julho de 1982.
(Do livro "Caminhos", Teresina, 1986, página 59.)
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