Espelho
Olho na profundidade da vida e busco entender
o que seria de mim ou o que será do amor, onde estará?
Procuro sem saber ao certo o que quero encontrar,
vou às cegas, sigo por um caminho feito em curvas,
encruzilhadas batizadas pelas idas que não sabem voltar.
Vou além, não há limites ou horizontes que parem meus passos,
ser vagando por cantos bastos de egos maltratados e abandonados,
feito folha seca, desprezado pelo galho que um dia o sustentou,
volta e meia mais uma volta em torno do ponto que costurou
a soberba em orgulho que pouco a pouco a própria sombra gotejou.
Entre molduras de uma vida vazia, a face refletida em desbotado espelho,
imagem desgastada mostrando linhas que desconheço,
vida pela vida mostrada em noite fria onde vejo e me reconheço
pela lágrima que corre sem destino lavando o riso que cala em si mesmo
a alegria que foi e que hoje é apenas a lembrança sepultada sem apreço.