... E assim foi
Da arte aos céus em vermelho vertente
tingindo o breu onde escondi,
numa esquina, repelente dorme ao frio
uma alma que cansada desistiu,
abandonado canta o vento
em melodia de adeus a um deus qualquer,
suplicante sem tempo onde a fera secou
sem a ilusão que partiu.
Liras em harmonia tocam o vento
que seu lamento aspergiu,
sobre a terra, a seca chora
suas lágrimas acirradas em pó,
volto ao vermelho que verte
de um céu contemplado em dó,
lembrando da alma que um dia
na ilusão cantou e sorriu.
Suplicante e abandonado segue o tempo
a terra que o vento secou,
toca em lamento a lira fria
já sem harmonia onde a melodia ecoou,
sabendo-se só, deus em adeus
partiu da lembrança que nunca habitou
e pelas esquinas jaz em alma fria
um corpo mutilado que muito amou.