... E assim foi

Da arte aos céus em vermelho vertente

tingindo o breu onde escondi,

numa esquina, repelente dorme ao frio

uma alma que cansada desistiu,

abandonado canta o vento

em melodia de adeus a um deus qualquer,

suplicante sem tempo onde a fera secou

sem a ilusão que partiu.

Liras em harmonia tocam o vento

que seu lamento aspergiu,

sobre a terra, a seca chora

suas lágrimas acirradas em pó,

volto ao vermelho que verte

de um céu contemplado em dó,

lembrando da alma que um dia

na ilusão cantou e sorriu.

Suplicante e abandonado segue o tempo

a terra que o vento secou,

toca em lamento a lira fria

já sem harmonia onde a melodia ecoou,

sabendo-se só, deus em adeus

partiu da lembrança que nunca habitou

e pelas esquinas jaz em alma fria

um corpo mutilado que muito amou.

Aisha
Enviado por Aisha em 24/04/2008
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