TARDIO
Dezoito e trinta:
A hora do leão enjaulado
Rondando o sexo mal coberto da estagiária,
Buscando uma esperança no pôr-do-sol do espelho d’água.
Dez oito e trinta:
Números desfigurados pela banalização da cabala,
Da macumba, da numerologia, da física elemental e da alquimia.
Dezoito... trinta...Quanto tempo!
E agora, 48, tudo vê na perspectiva do tempo que não recua.
Tudo poderia, se tivesse, se pudesse, se houvesse...
O conhecimento em geral é tardio,
Suspeita de armação,
Conspiração do universo-sempre-de-sacanagem.
18h30: Ninguém nunca vai explicar nada,
Tanto faz o bem com tanto faz o mal,
Tudo é risco pessoal
E a hora da partida não se marca.
Dezoito e trinta:
O preciosismo no uso da vírgula,
A obsessão por clareza.
A ânsia por dias perfeitamente azuis
E noites sob um manto protetor de estrelas.
18h30: Deus deve estar ocupado em algum lugar, mas logo voltará.