Final de festa
Uma lágrima quente
escorre acima do bigode
de um poeta triste
(um poeta frio),
que tem nos olhos as migalhas
dos sonhos de uma vida inteira,
que tem nos restos dos sorrisos
fragmentos de amores
que o sol e a chuva desbotaram
E este poeta que veste-se
de um azul de tempestade
no céu opaco de seu coração
(selva de tantas pedras),
quer um poema
e qualquer gesto,
mesmo que de gosto ingesto,
e que pela fresta de seus olhos
entre toda a luz
que teima em se apagar
no final da festa.