Final de festa

Uma lágrima quente

escorre acima do bigode

de um poeta triste

(um poeta frio),

que tem nos olhos as migalhas

dos sonhos de uma vida inteira,

que tem nos restos dos sorrisos

fragmentos de amores

que o sol e a chuva desbotaram

E este poeta que veste-se

de um azul de tempestade

no céu opaco de seu coração

(selva de tantas pedras),

quer um poema

e qualquer gesto,

mesmo que de gosto ingesto,

e que pela fresta de seus olhos

entre toda a luz

que teima em se apagar

no final da festa.

Odair J Alves
Enviado por Odair J Alves em 23/04/2008
Código do texto: T958748
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