O TEMPO QUE O TEMPO TEM
Me agarrei nas asas do tempo
que vôa por ai sem vento
vai até no contratempo
do meu tempo temporal.
Abertas as asas vão,
e vôam sobre cabeças
e sobre a terra e o lamaçal.
E sopra a brisa
e sopra o medo,
pára no tempo irreal.
Seguindo adiante,
vez ou outra tropeçando
em velhas angústias,
me equilibrando vou,
numa certeza escorregadia
de que,tempos melhores virão.
Vou sem bússula e sem relógio,
agarrada nas asas do tempo,
contratempo,temporal.
E do tempo gasto,pálido e antigo,
vozes antigas rirão.