Desamparo
Embacia-se o olhar
Úmido de lembranças
E é a tua fotografia
Acalanto para a saudade
No peito, o tempo inerte
No corpo, o desamparo
Uma sensação do já visto
No encapelar do olhar
Em cada silêncio
Um diálogo de esperas
Passam-se dias e noites
E é como se o tempo
Não tivesse passos
Para ainda alcançar-me
Nas mãos, as trilhas percorridas
Palavras rabiscadas e calejadas
Pelos tantos solilóquios
Na solitude do sentir
Talvez por isto escreva
Desdobrando-me em vidas
No espaço inesperado
Do abismo de cada letra
Talvez por isto respire
Para buscar o verso
Que ainda não cabe
Nas linhas que pensam
Que um dia as alinharei
Talvez por isto escreva
Para clarear a noite
Que acorda em meus olhos
Fernanda Guimarães
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