UM BEIJO DE BRISA
suave seria a morte se ela
nos visitasse no poente da vida
e se sentasse junto de nós
como se nos compreendesse
e nos ouvisse porque razão gostaríamos
de ficar mais um pouco
a olhar o sol
mas a morte é surda e não tem
sentimentos nem voz
nem mostra o rosto
ao contrário do que escrevem
os poetas sábios
talvez então
ela venha linda e vaporosa
como uma miragem
trazendo ao colo num nevoeiro de penas
a nossa encomenda certificada para a viagem
depositando-nos apenas
um beijo de brisa
com um perfume de rosa
à flor dos lábios
José António Gonçalves
(inédito.26.4.04)
JAG
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