BALADA DOS DOMINGOS
Domingo,
ao teu lado,
é dia de parque,
meu bichinho de pelúcia,
- o maiorzinho -
conquistado
na barraca do tiro-ao-alvo
bem na mosquinha do amor.
Domingo,
ao teu lado,
é dia de dentar nuvens,
- de algodão doce -
minha rodinha-gigante
cheinha de altos e baixos
no casulo do bicho-da-seda
bem tecida para tantos beijos.
Domingo,
ao teu lado,
é dia de vendar os olhos,
- sérios da semana -
minha cabrinha-cega
a deslizar desgovernada
pelos trilhos do trem-fantasma
dessassombrado meus Domingos.
Um só Domingo,
ao teu lado,
é tempo pouco de colheita
para todas as maças-do-amor
- vermelhinhas -
sempre bem mordidinhas
envergonhando-se ao perceberem
que mal cabem, inteiras, dentre beijos.
Findo o Domingo,
sempre ao teu lado,
haverá um parque em fim de função,
triste de rosto,
minha salinha-de-espelhos,
prontinha para refletir todas as faces
minhas pelo Domingo inteiro,
ao teu lado,
até então, nunca vistas!
E torço,
como se de futebol gostasse,
para que um novo Domingo chegue rápido
e, nele, tenha coragem de declarar publicamente
meu amor pelo lúdico, pelos brinquedos deste parque,
pelo desprezo pela minha cara séria
às segundas, às terças, às quartas, às quintas, às sextas,
aos sábados ansiosos, às vésperas da tranqüilidade
constatada, ao teu lado,
nos Domingos cheios de parque.