Estar contigo e estar só
Estar contigo é tudo que esperei,
esperar por ti é tudo que fiz.
Chegaste, meu amor,
mas algo ficou.
Dois estranhos se olharam,
se abraçaram e se beijaram.
E o beijo não era o mesmo.
O gosto do beijo me amarga ainda a boca.
Pago o preço do passado,
Não parece incrível, meu amor?
Te amo e não te conheço mais,
Te espero e não me reconheço em mim.
Tanto esperei,
tanto lembrei teu sorriso,
tanto e quanto e sempre.
Mas chegaste distante,
estavas perto agora,
mas de fato, distante.
Parece que, chegada a hora,
no pequeno instante,
chegaste indo embora.
A distância, meu amor,
está matando um amor.
De quem é a culpa? Não sei!
Sequer sei se há culpa.
Mas hoje,
estive contigo tão só.
Tanto esperei,
alimentando a ilusão de vencer o tempo.
Mas o tempo, implacável,
inexorável, impiedoso,
enfraqueceu um amor.
Mostrou a verdade que não queria ver.
Mostrou-me que, incrivelmente à distância,
estou mais perto de ti.
Que tua presença, distante, quase compromissada,
me traz uma solidão lancinante.
Frio, é o que senti,
cheguei a tremer quando te vi.
Pois te vi apenas,
bela e graciosa em teu jeito de moça,
distante e fria como nunca a vira,
e eu te vi apenas,
não consegui sentir-te comigo.
Chegaste como quem vem a um compromisso assumido,
olhando o relógio,
impaciência em retornar.
E uma pergunta não quer mais calar:
Por que fiz isso comigo,
e contigo.
Que preço pago pelo meu jeito de ser.
Perco o amor que tinha,
intimidade que amava,
ilusão que me acalentava o espírito.
Mas meu espírito se viu
pertinho do teu e distante de ti.
Meu espírito ama
o corpo que perco.
E me perco pertinho de ti.
Mas estou agora contigo
e agora estou só.