O TEMPO
O tempo não para...
Ele caminha calmo e lentamente,
E não é verdade que tem poder,
O poder de cura, de cicatrização.
Eu observo do relógio, o pêndulo,
Que vai e vem marcando o tempo;
Pensamos: É repetitivo...
Mas o pêndulo não se repete, embora pareça,
Cada vez que vai é um tempo,
Cada vez que vem é um tempo novo.
Deveríamos ser como o pêndulo,
Não se repetir, ser novo a cada dia,
Jamais no passado se consumir,
E sim, no presente, no agora, construir.
Estou assim a dizer e penso assim!
Mas o tempo que vivo hoje é passado,
E o tempo não cura meu coração.
E sei, tenho consciência, me é ruim.
Nem sua voz que loucamente,
Ecoa em desespero como que ricocheteada,
Sendo sim, repetitiva, em som e ação:
“Eu te amo, eu te amo, eu te amo...”.
Nem esse eco faz acordar,
Consegue à vida chamar,
Um coração ferido, machucado,
Estilhaçado, desanimado.
Você vive um tempo novo,
Eu vivo um tempo passado.
É doce em sua boca, a palavra amor,
Na minha, é fogo que queima, é dor.
E antes que se torne fel, seu amor,
Permita que seja o tempo seu guardador,
Abrace seu coração, camuflando sua dor,
Retire de sua retina, minha imagem.
Que fique apenas em sua lembrança,
O eco do tempo de um amor criança.