Ar

Quando a caneta só corta o ar

nada se escreveu.

Só se cortou a secura

da Poesia que não se fez.

Espada inválida

do cavaleiro que não mais existe.

(Por que a vida insiste?).

Ficou o reduzido gesto.

E sem que me digam

já sei que não presto

e todo o resto.

Será a dor, o enjôo,

a Carbamazepina, ou

a morte da menina

que fizeram esse horror de rotina?

Pouco a dizer.

Inútil gritar.

Foi-se a caneta.

Acabou o ar.