NEM SEMPRE
Nem sempre a vida correndo,
nesse arrasoado atordoante dos momentos.
Nem sempre o tempo gritado
nas cristas geométricas dos resultados.
Ás vezes, apenas a candura.
A alegria do instante isolado, puro,
retratado em pinceladas fáceis,
nas cores fortes da alegria e da paz.
Ás vezes, apenas uma pausa nas circunstâncias,
o momento de evasão aproveitado.
O porto de abrigo, remoto,
mas de águas tão iguais ás outras,
nessa costa escarpada, de todas as despedidas.
O horizonte repete-se em outros cheiros
de um mesmo mar imenso,
nessas ondas cortadas de través.
O horizonte repete-se nas cores novas
de cada acontecido amanhecer.
Nem sempre igual ao futuro distante,
onde nem sempre a vida corre,
e nem sempre se escuta o arrasoado dos momentos.
Onde nem sempre o tempo grita
nas frias geometrias dos resultados,
e a candura dos momentos isolados, puros,
está corrompida pelos afãs vagos
do quotidiano árido.
Sobra a candura.
Falta a candura.
Faltamos todos...
Abril 2008