E a alma dança...

Transbordam vícios neste corpo pagão

Vício de ser, de estar, de consumir...

Purifica-me a música

Como se a maldade deixasse de existir

Como se as feras bailassem num conto sem fim

Traga-me melodias à soleira da porta

Abra-me os braços e deixa-me ficar

Parada... absorvida... dada como morta

Nada poderá me ferir neste devaneio

Enquanto minha alma sem medo dançar

Já me cansei de anjos

Não quero mais nenhum demônio

Sonetos silenciosos não irão me comover

Quero gritos, quero sons, ávidas sinfonias

Embalando esse corpo, livre de agonias

Ansiando por algo que o faça renascer

Desejo que chovam notas musicais

Rapsódias, violinos, sons desconhecidos

Canções doces que não cessem jamais

Testamentos cifrados que comprovem

Que todos os meus anos foram bem vividos

Eternize a canção

Deixe que sobreviva em mim a magia

Num mundo onde ainda prevalesce a escuridão

Que tudo que vier do ódio

Torne-se enfim uma livre melodia...