METAMORFOSE

Tem dia

que me sinto lagarta:

sufocada

na própria pele.

Não posso falar,

nem sorrir,

nem andar.

Fico parada

a divagar,

delirar.

Espio o mundo:

no lado de fora,

luz que ofusca,

prefiro a clausura.

Então me transformo:

quero borboletear,

falar, amar,

andar, correr,

sentir o vento,

que bate macio,

enfrentar tormento,

aproveitar a vida.

Viver o momento

em vôo rasante.

Me permito sonhar.

Divago,

deliro...

volto ao casulo.