FLUINDO

No dia em que acreditei

Que de minha mente fluía

Que escrever eu podia

E que feliz eu seria

Errado ou certo, bonito ou feio,

O que me importa?

São sentimentos que guardei,

Que há tantos anos amordacei.

Deixando tudo intocado,

No infinito ou no meio.

Ah! Quantos anos de timidez!

Logo eu, tão afoito, tão falante

Porém, tão auto-crítico

Tão vaidoso e petulante

Não me permitia, arrogante,

Somente oitenta, nunca oito.

Até o dia em que acordei!

E pus no papel as coisas que em mim moravam.

Odes, sonetos, elegias... sei lá mais o quê?

No fim, parece arremedo,

De um louco Cordel sem medo,

Que a raça me trouxe alento.

Só sei que quando vem a vontade,

Não deixo ela passar, tomo tento

E como passarinho solto ao vento

Vou fluindo! Vou fluindo!...

L U C I A N O

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