Poesia dos dias
Amar é mar e é maré:
Vêm as vagas, vão e voltam,
Sucedendo-se sem cessar.
Tentando entender, entonteço,
Enquanto me encanta o canto
Sussurrado das sereias.
Mas achei a lua cheia
Num céu sereno de setembro.
A noite negra navegou
Do porto do pôr do sol
Ao vilarejo da alvorada,
Ancorando no cais do clarear.
Trouxe Cronos ao seu trono de madrugada.
Busco a bússola,
A rosa dos ventos, a prosa dos tempos.
O conto do correr dos dias.
Amar é mais que o mar,
Amar é mais que a maré.
Está no trem do tempo, que teima
Em passar apressado
Apitando sem parar
Em qualquer das quatro estações.