A FILHA DO MEIO
A FILHA DO MEIO
" É a verdade que assombra
O descaso que condena
A estupidez o que destrói..."
Legião Urbana
Você não vê?!
Não vê que a sua procura
é o medo de você?!
Que poetas não existem
que jasmim não se planta
e as grades são de papelão
Você não vê?
Que os filhos crescem
mas você se esquece
...de você!
Que seu potencial
é minha inveja branca
Que quando eu escrevo
queria ler você!
Que a lua no meu ombro
é satélite seu
Que o canto da rua
dos meus versos
são becos sem saída
que essa vontade do meu colo
é somente (minha) falta de você.
Não vê?
Que na minha pele tem mofo
que meu beijo é vasqueiro
que minha utopia é volante
à mercê dos ventos
Não vê?
Que gemidos são vozes
Plangentes
Externados em pedidos
Graves!?
Não vê?
A farsa de como prescrevem
o amor
Como os casamentos são astutos
testemunhos sagrados
da rotina cancerígena
crivados no seio do povo;
o romantismo tolo
gozado por amantes
Não vê, doce mãe,
que olhos azuis
são sempre órfãos
que meus lábios gangrenam
por isso.
Nossa solidão púrpura
cópia de silêncios
que o cimento chorado
constrói novos rumos
clandestinos passos
num adeus-sorriso
de uma causa legalista
A sua prendada marcha
grita mais no mundo
o esquartejar das correntes.
Elmer Giuliano