A FILHA DO MEIO

A FILHA DO MEIO

" É a verdade que assombra

O descaso que condena

A estupidez o que destrói..."

Legião Urbana

Você não vê?!

Não vê que a sua procura

é o medo de você?!

Que poetas não existem

que jasmim não se planta

e as grades são de papelão

Você não vê?

Que os filhos crescem

mas você se esquece

...de você!

Que seu potencial

é minha inveja branca

Que quando eu escrevo

queria ler você!

Que a lua no meu ombro

é satélite seu

Que o canto da rua

dos meus versos

são becos sem saída

que essa vontade do meu colo

é somente (minha) falta de você.

Não vê?

Que na minha pele tem mofo

que meu beijo é vasqueiro

que minha utopia é volante

à mercê dos ventos

Não vê?

Que gemidos são vozes

Plangentes

Externados em pedidos

Graves!?

Não vê?

A farsa de como prescrevem

o amor

Como os casamentos são astutos

testemunhos sagrados

da rotina cancerígena

crivados no seio do povo;

o romantismo tolo

gozado por amantes

Não vê, doce mãe,

que olhos azuis

são sempre órfãos

que meus lábios gangrenam

por isso.

Nossa solidão púrpura

cópia de silêncios

que o cimento chorado

constrói novos rumos

clandestinos passos

num adeus-sorriso

de uma causa legalista

A sua prendada marcha

grita mais no mundo

o esquartejar das correntes.

Elmer Giuliano

Elmer Giuliano
Enviado por Elmer Giuliano em 17/04/2008
Reeditado em 22/04/2008
Código do texto: T950557
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