A SOLIDÃO DO POETA

A dor que cinde a alma é navalha na carne,

Resulta do amor desfeito que esfacela a vida,

E no cruel anseio de momentos fugidios,

Transforma - se em solidão que a noite anuncia.

O verso rasga o verbo a externar o tema,

É ausência, segredo, anelos proibidos,

A buscar no pranto o afago já perdido,

No coração o fel de um amor tão reprimido.

É soluçar sofrido em madrugadas frias,

Frenético pulsar de um peito sonhador,

No resvalo da dor a alma sofre e inebria,

No desejo da presença volve - se em agonia.

Fendido o sentimento explode a tristeza,

Tal qual cristais que vertem aos olhos do poeta,

Não vê a flor, a natureza e a tarde assim funesta,

Já que perdido no abismo lhe embota tal beleza.

Aceso desespero, marca forte da tortura,

Que leva para longe o senso e a razão,

Já não lhe resta o sonho daquela imagem pura,

Pois a imensidão da noite engoliu - lhe a ilusão.

No externar de tão contido sentimento,

Transborda em agonia e desfalece sem receio,

Rasteja a inspiração em busca da alegria,

E a pena fere a folha quando explode a poesia.

CRS 17.04.08

TEACHER
Enviado por TEACHER em 17/04/2008
Reeditado em 12/07/2008
Código do texto: T950432
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