o dia do fogo (parte 2: vulcão ativo)

então eles sempre ressuscitam

da cidade destruída de pompéia

destruída como história viva

que teima e não morre

história com veias expostas a sangrar

seus dobros viajam no espaço-tempo

trazendo pedras-pomes no espírito

e carvão

e enxofre

e cheiro de vulcão

e imagem de estradinha árida

e curvas como sinapses

como amálgamas

como videotape

como espelho mágico

que mente mentiras sinceras trazidas em cesta de moça

cesta com frutas e fita

como bola-de-cristal sincera

que sabe que as boas mentiras

fazem-nos escapar de sermos pedras

e o que é afinal um vulcão

senão a terra se mostrando viva?

corpo. terra. líquidos corporais. lava quente.

mil vivas à princesa do cosmo, gaia

e sua fábrica de vulcões a cuspir mel

viva os ressuscitados

viva os que sonham

viva está a nostalgia highlander

o melhor daquele orgasmo hightech

impregnado de sentimento

de eletricidade abissal

de tremores de pompéia

e de toda terra que já tremeu

de toda cama prestes a quebrar

de todo chuveiro de água benta

a fazer reis e rainhas nus

milagrosamente atravessarem paredes

de toda manhã de incêndio calmo

eles às vezes se lembram de pompéia

quando o sol os toca a pele

numa manhã de domingo

quando se coloca uma blusa verde

quando se escreve com minúsculas

pra saber que são pequenos

e que foram engolidos pelo vulcão.

lucianofortunato.blogspot.com

Luciano Fortunato
Enviado por Luciano Fortunato em 17/04/2008
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