o dia do fogo (parte 2: vulcão ativo)
então eles sempre ressuscitam
da cidade destruída de pompéia
destruída como história viva
que teima e não morre
história com veias expostas a sangrar
seus dobros viajam no espaço-tempo
trazendo pedras-pomes no espírito
e carvão
e enxofre
e cheiro de vulcão
e imagem de estradinha árida
e curvas como sinapses
como amálgamas
como videotape
como espelho mágico
que mente mentiras sinceras trazidas em cesta de moça
cesta com frutas e fita
como bola-de-cristal sincera
que sabe que as boas mentiras
fazem-nos escapar de sermos pedras
e o que é afinal um vulcão
senão a terra se mostrando viva?
corpo. terra. líquidos corporais. lava quente.
mil vivas à princesa do cosmo, gaia
e sua fábrica de vulcões a cuspir mel
viva os ressuscitados
viva os que sonham
viva está a nostalgia highlander
o melhor daquele orgasmo hightech
impregnado de sentimento
de eletricidade abissal
de tremores de pompéia
e de toda terra que já tremeu
de toda cama prestes a quebrar
de todo chuveiro de água benta
a fazer reis e rainhas nus
milagrosamente atravessarem paredes
de toda manhã de incêndio calmo
eles às vezes se lembram de pompéia
quando o sol os toca a pele
numa manhã de domingo
quando se coloca uma blusa verde
quando se escreve com minúsculas
pra saber que são pequenos
e que foram engolidos pelo vulcão.
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