VONTADE FREMENTE
É tanta a vontade de te ver
de deixar-me envolver em teus braços
de me sentir possuída por tua força
de aquecer o meu corpo com o teu corpo
de repousar o meu rosto em teu peito
de ouvir o pulsar de teu coração
de avaliar o toque de tuas mãos
de experimentar a sabedoria de teus beijos
de sentir o teu corpo por inteiro
de mergulhar na essência mais profunda.
É tanta a sede e a fome que sinto
e a vontade de jogar-me em tua fonte
e deixar-me flutuar docemente.
Mata-me, pois, esta fome e esta sede
alivia-me dos grilhões que me atordoam
deixa-me percorrer todo o leito de tua fonte
e se não tens condições para tal
confessa-me a certeza dessa desventura
Irei, pois, à procura de outros ares
que possam desintoxicar-me os pulmões.
Pulmões, coração, rins, enfim, tudo
lado a lado em funcionamento
dão-me a vontade de te sentir
e o desejo tamanho da procura.
Teresina, 23 de março de 1982.
(Do livro "Caminhos", Teresina, 1986, página 36.)
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