Inexorável

Sem resquício algum

de pudor

educação

sem o menor vestígio

de um possível perdão

vi gente entrando

por impune

contramão

assaltando

arma em punho

desarmado coração.

E eu que julgava imune

meu vacinado coração

senti nas veias o arrepio

vigente nas serpentinas

vibrantes por servir um chopp

no balcão.

Inexorável,

sentimento me invade

me toma

e, em fração de segundos,

a infração de terceiros

é minha também.

Cúmplice ou culpado

nem sei mais

pois me sinto mergulhado

na carinhosa espuma

do nada saber.

Se tonto fui por te permitir

tonto estou de tanto querer.

E, tanto faz

se amanhã ou depois

nós dois não nos servirmos mais

ou não nos vermos jamais:

hoje, te quero demais!