INVERNO

Lá fora, o inverno

algumas flores baldias

resistem heroicamente ao algoz de gelo

jazem lânguidas, lívidas e esquecidas

O sopro da morte,

borrifado atravéz da brisa crestante

faz com que desfolhadas

balbuciem o ultimo suspiro

Prematuros suicidas

incauto namorado

a flor do ipê dourado,

fulminado

com a azaléia rosiclér

Assim partiram também

o teu sorriso e o meu desejo

melados de quentão

naquela noite de inverno

na feira do pinhão

aquecida ilusão

debaixo deste céu

entre mares de chumbo

deslizas altaneira

neste calçadão de gelo

teu charme em relevo

emaranhado em cachecóis

me enlevam, me arrebatam

despretensiosamente, sem apelos

linda ninfa

ficas ainda mais bela

de sobretudo caramelo

os anéis de seus cabelos me anelam

ao roubarem beijos dos seus lábios de mel,

como travessos colibris.

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Davi Cartes Alves
Enviado por Davi Cartes Alves em 16/04/2008
Reeditado em 30/05/2008
Código do texto: T947884
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