INVERNO
Lá fora, o inverno
algumas flores baldias
resistem heroicamente ao algoz de gelo
jazem lânguidas, lívidas e esquecidas
O sopro da morte,
borrifado atravéz da brisa crestante
faz com que desfolhadas
balbuciem o ultimo suspiro
Prematuros suicidas
incauto namorado
a flor do ipê dourado,
fulminado
com a azaléia rosiclér
Assim partiram também
o teu sorriso e o meu desejo
melados de quentão
naquela noite de inverno
na feira do pinhão
aquecida ilusão
debaixo deste céu
entre mares de chumbo
deslizas altaneira
neste calçadão de gelo
teu charme em relevo
emaranhado em cachecóis
me enlevam, me arrebatam
despretensiosamente, sem apelos
linda ninfa
ficas ainda mais bela
de sobretudo caramelo
os anéis de seus cabelos me anelam
ao roubarem beijos dos seus lábios de mel,
como travessos colibris.
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