Tradução

Tradução

Sandra Ravanini

Depreciar-te vazio à medonha decomposição

do grafite, assombrando os lacerados trechos

recortados, acidentando o nu desfecho

desmembrado na cinzenta e falha tradução.

As alamedas secaram e não sorriem mais;

ora as flores esquálidas que um dia tanto amei

perfumam a cruciação... Ontem, hoje eu rasguei

as folhas ressentidas amputando o cartaz.

A condoída estupidez corteja-te, ó papel;

e das mentiras que enganei às incréus venturas

despejo no idem vazio o protesto e a rasura

da verdade elegante vociferando o fel.

Decifrar-te riso de lápide, se morreu

a tarde esquálida perfumando a lamúria

que secou, traduzindo a recortada fúria

no papel estúpido, esvaziando os choros meus.

14/04/2008