Sabemos
Sei tudo de ti, silêncio
Sabes de mim, embriagado
Vou ao teu mundo, despedida
Me rejeitas firme, bem-vinda
Sinto tua mão, intocada.
Sentes-me perto, distante.
Pisoteio girassóis, meu Eu
Combates moinhos, tu mesmo
O que nos reúne, incerteza
A nos construir, nós mesmos
O que nos ampara, a morte
O que nos impede, o medo
A nos agredir, distância
A nos restaurar, vida plena
Irmãos que somos, siameses
Assim apartados, vazios
Sonhos que afundam, teus rios
Pavores que acordam, meus mares
Bocas que negam, súplica
Sorrisos e festa, tristeza
No verbo irritado, desejo
No dente que range, saudade
Meu punhal a ferir-te, verdade
Tua espada samurai, honradez
Vejo-te rubor de alma, vinho
Vês em mim o eterno, talvez
Te entendo completo, estilhaços,
Me adivinhas no escuro, farol !
Acordado.
No quarto.
Sonhando.
Sozinho.
Claudia Gadini
04.01.06