ATO DE AMOR
Doar, doar-se,
Compartilhar, solidarizar-se!
Eis um sentimento em defesa do amor.
Doar enobrece,
Faz crescer o doador.
Não percam oportunidades:
Doem órgãos,
Façam felicidade.
Renovem um coração cansado;
Devolvam luz a olhos que não mais enxergam
A beleza do mar, do amor,
Da chuva, dos prados, da flor,
Da lua matreira numa noite fria.
Doem a pele, os rins, os ossos,
Até os pequenos fragmentos,
Pois servirão de alento
Aos centros de pesquisas,
Para novos antídotos,
Novas descobertas
Em prol da humanidade.
E o resto,
Quando nada mais tiver serventia,
Que seja deixado num lugar tranqüilo,
Sob a terra pura, o último exílio,
Sem concreto, sem luxúria, sem rebeldia,
Debaixo de um ipê florido,
Tendo um riacho por companhia.
Quem sabe, ainda esses rejeitos
Fecundarão a terra,
Fazendo brotar pequenas flores,
Para aninhar os pássaros cantores
No entardecer.
Despojado das vestes de carne,
O espírito agradecido alçará vôo,
Misturando-se ao infinito,
Planando sobre a terra.