LACUNA (... 31 de dezembro de 1978)
(... 31 de dezembro de 1978)
Deixando o barulho da capital piauiense e percorridos alguns quilômetros da cidade interiorana acima escondida nas reticências, envolvo-me com as delícias das matas;
do sussurro do vento sobre as folhagens;
dos gorjeios dos pássaros;
do aroma que se desprende dos capins sob mim e ao meu redor;
do zumbido de um besouro que volteia ao meu lado;
da tranquilidade imensa que experimento, do contato com a natureza;
do mistério infinito que me enlaça;
do abandono total que oferto ao meu corpo;
da sensação espiritual em que me sinto envolvida;
da profundidade com que respiro este ar gratuito dos céus;
do fechar dos meus olhos a tudo à minha volta e nem por isto deixo de ver o existente, com muita nitidez;
do pensamento que varre a minha alma, com relação ao que sou, ao que posso e às minhas limitações;
das maravilhas que possuo: a minha existência, dotada de espiritualidade e matéria;
de todos os meus anseios realizados e dos não realizados.
De tudo isto, Senhor, à análise profunda me volto!
Reconhecida do vosso valor absoluto, vos agradeço e vos oferto a minha inspiração!
(Do livro "Caminhos", Teresina, 1986, página 24.)
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