A lira dos poetas carbonizados

Acredite em mim, em meu ato voluntário.

Em minha pouca sensibilidade e meu extremo desapego.

É quando falo de coisas mortas, de sonos profundos, azuis marinhos,

Que mesmo o peito estando cravado de setas de pontas agudíssimas,

é que digo toda a minha verdade obscura e escorregadia.

É quando digo que o pranto acompanha o segredo,

que abro as portas de minha casa,

e quem está do lado de fora insiste em vela fechada.

Minhas mãos cicratrizaram, depois de cortá-las na lira infame.

Não sei se sou poeta ou trambiqueiro,

vampiro ou aventureiro.

Sei que vivi um pouco, amei quanto pude e morrer....

Acho que já estou.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 11/04/2008
Código do texto: T941123