A lira dos poetas carbonizados
Acredite em mim, em meu ato voluntário.
Em minha pouca sensibilidade e meu extremo desapego.
É quando falo de coisas mortas, de sonos profundos, azuis marinhos,
Que mesmo o peito estando cravado de setas de pontas agudíssimas,
é que digo toda a minha verdade obscura e escorregadia.
É quando digo que o pranto acompanha o segredo,
que abro as portas de minha casa,
e quem está do lado de fora insiste em vela fechada.
Minhas mãos cicratrizaram, depois de cortá-las na lira infame.
Não sei se sou poeta ou trambiqueiro,
vampiro ou aventureiro.
Sei que vivi um pouco, amei quanto pude e morrer....
Acho que já estou.