Caixa de Primeiro-socorros
Uma criança lê em voz alta
"Não quero minha merenda,
ha fiapos de metal nela"
Em bibliotecas particulares filas se formam
Todos para cortar os pés com o mesmo livro
Um guardanapo com seu nome
Mesa redonda de madeira para reuniões
Agulhas discartaveis em bandejas de prata
Nada como um almoço em familia
Anestesia nos olhos é como ver TV
Lobotomia primitiva
É agora que aparecem os anjos
Receber uma carta depois de 7 meses
Sangrar por baixo do curativo enferrujado
As vezes contamos estrelas para ficarmos bem
Sem saber porque caralho disso
Fico feliz com a felicidade alheia
Mas tapo meus ouvidos
Quando a culpa não é minha
Amarrou o tenis
Conferiu as horas
Mais uma criança lê em voz alta
"Não quero minha merenda,
cansei de roer barras de metal"