CONVITE INFORMAL

Jamais terei medo de amar,

nem sequer me dividir,

quando a certeza da cumplicidade dos cheiros do cabelo

se misturarem com a necessidade da pele num só contato,

quando seus olhos de janela se abrirem para o espaço do bom-dia

enquanto, quieto e com tato, o sol do seu sorriso se esparrama pela cama.

Acho que nada mais teria para falar

e que seria uma bobagem escrever esse poema,

se a insegurança dos homens mais que descrentes

não amadurecem quando vislumbram a doce realidade.

Jamais terei medo de dividir,

nem sequer me anular

no espaço conquistado pela luta de um aprendizado.

Em primeiro lugar, sem querer estabelecer prioridades,

há uma crescente necessidade de união, até no inexplicável,

onde juntos, um ao outro, esqueceremos nós quando separados.

Acho que nada mais teria a contar

e que seria bobagem construir este poema,

se a certeza dos homens resolvidos não hesitasse

no caminho de ficar ou seguir quando conosco encontrassem.

Jamais terei medo de fraquejar,

nem revelar debilidades,

nas comparações com as situações já adquiridas

pela vida que nos chega cedo ou retarda a maturidade.

Em segundo lugar, a verdade, o compromisso concreto de tudo,

fará do sonho encantamento e alicerce para nossa casa indestrutível.

Acho que até poderia convidar,

mesmo que informalmente,

a todos os homens, com alguma sensibilidade,

para que entrem em nossa casa, só para conhece-la:

Na cozinha, de avental,

eu gosto brincadeiras com cheiros no cangote,

ela arrepia o molho feito para o amor sem mistério

enquanto os pratos se sobrepõem, os talheres cruzam.

No sobrado, sem querer,

seu êxtase se mescla à paisagem

da minha sombra sem vulto, sem transparecer

nossos beijos aos convivas, guardados para a total timidez.

E, mesmo depois de testemunhas ocular da felicidade,

vocês, homens de todas as incertezas, podem desconfiar

das mulheres que abrem janelas, apetites, desejos e olhares.

Vocês, arquétipos de homens, jamais irão crer na palavra do poeta

... que gastou um poema por só acreditar no ser mulher!.