Antiteses
Desligada
liga a tv.
Nada e tudo
pra se ver.
Conectada
desconecta-se
da vida
que enrola,
que espera,
que desenrola
que nem bola
sem demora.
Assiste
a novela
esperando
ser Cinderela
comendo um
prato de beringela
aguardando o sapo
guardado na tela.
A existência
inexiste.
De toda noite
nada do dia.
A escuridão
atravessa
a caixa de luz
que brilha
mais uma vez,
que apaga
a lucidez.
Pega o controle
e entra em
descontrole.
Indignada indaga
a resposta digna
que tapa a vida
que destapa a ferida
que ressurgiria
em algum momento
e desapareceria
com o tempo.
Na ignorância
despercebida
percebe
em seguida
a antítese
tão fingida.
Seguindo
desmemoriada
memoriza
o final
que não
tem moral,
que sim
tem começo:
Imoral.
por Anita Mendes.