FRENESI

para Alberto Dominguez

Saudade daquele bolero

cantado pelas mulheres trágicas

borrando os olhos cheios de azuis,

piteiras bem longas e dedos delicados.

É hora de chorar Alberto Dominguez:

“Beija-me assim,

beija-me como minha boca te beijou.”

Enquanto, envolvida por braços de um polvo

enquanto, acochada por pernas sem ritmo

enquanto tropeçava em pés de centopéia,

deixei-me ser beijada por um sei lá quem

que tossiu com o cigarro da lembrança

que borrou a minha fachada de azul

e maquiou o frenesi deste bolero.