Fantoches
Algumas pessoas vivem seus sonhos de olhos abertos,
Algumas pessoas acreditam em destino num jogo de tarot,
Algumas pessoas lêem horóscopo em banca de jornal,
Algumas pessoas escrevem seus planos futuros num mural,
Mas não há garantias para o dia a dia de cada experiência,
Somente o desejo depositado no amanhã que pode não existir...
Lembra de quando éramos pequenos e brincávamos despreocupados?
Quando pipas eram a melhor forma de voar pelo céu sem temer cair das alturas,
Quando o cheiro do almoço era um sinal de auto-reconhecimento e enraizamento,
Quando tocar flauta doce era o maior dos desafios nos finais de semana em família,
Quando fingir ser um super-herói não era visto como síndrome de Peter Pan,
Quando o colorido dos binóculos escondia as paredes cinza que abrigam a vida adulta...
Ás vezes olhar o que deixamos para trás nos faz querer voltar ao início,
Em cada pedaço nosso que terminou ficando esquecido pelo caminho,
Em cada sonho louco engavetado no arquivo das responsabilidades sérias,
No final nos tornamos pessoas bem diferentes do que desejávamos ser,
Vivendo à beira de um abismo de valores estranhos à nossa natureza,
Tentando dramatizar um papel fictício para nos encaixarmos no mundo real...
Onde está a felicidade desenhada com giz de cera nas cartolinas da infância?
Onde está o sorriso espontâneo de libertar um pássaro de uma gaiola num domingo?
Onde está a vida pulsante ao dançar sem timidez na chuva de verão?
Esquecemos de cultivar a essência interior que clamava cuidados especiais,
Deixamos-nos levar pela sedução de um turbilhão de regras e estreitamentos,
Agora somos fantoches num teatro de apresentações tediosas sem musicalidade...