QUATRO ESTAÇÕES SOBRE os SENTIDOS
Teu peito índio arde no horizonte dos desejos
Ter as estações do ano coordenadas nos sentidos
é a tecnologia Na distância entre o vôo
da tua flecha e o vôo do passaro há um enfumaçado
muro de ambições criminais Em tuas florestas
as árvores estão espetadas por labaredas congeladas
Desfolhar a lua frente às fileiras dos povos
inaugurou de carne o vento que se fere
entre os edifícios distantes do horizonte.
II
Os passos eram uma linguagem no chão Depois que o último bosque
se tornar um silêncio de carvão e fêmeas sem cria
um relâmpago florido há de sangrar O homem-de-chapéu traz no rastro
um cometa de cadáveres e doenças O índio emaranhado
em explosões nuclerares navega no corte da navalha
Sob estrelas gordurosas O solo fértil está coberto d'uma rede
de raças extintas O homem-nu desaparece sob uma manada de anjos
bovinos Quando a terra for mais do que circunferência de carne
imunda e bandeiras irônicas o homem será belo como a simplicidade
de um menino perguntando - o nu um arco-íris indefinível
o índio um pássaro de vôo atravessado no olhar